“Estes são os que vieram da grande tribulação e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso, eles estão diante do trono de Deus e o servem dia e noite em seu santuário; e aquele que está assentado no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo". – Apocalipse 7:14-15
Para o cristão, o Apocalipse não é um livro para despertar ansiedade e pavor. Como temos visto, ele traz uma Revelação (significado do termo grego “apokalypsis”). Uma Revelação das últimas coisas. Não apenas dos últimos eventos da história, mas da realidade última, o passado, o presente e o futuro interpretados e julgados por Deus. O exemplo mais claro pode ser dado pela imagem do trono, expressão que aparece 45 vezes no livro. Na realidade “imediata” dos primeiros leitores da carta, quem se assenta no trono do Império Romano é o imperador Domiciano, que começa a permitir a perseguição de cristãos, punindo-os com exílio, tortura e morte (Ap. 1:9 e 2:13). Mas, na realidade última, Jesus está sentado no trono da História, como o leão-cordeiro que foi morto (cap. 5).
Nesta revelação da realidade última, no cap. 7, vemos a Igreja no céu (9-17). Os cristãos estão com Jesus, “diante do trono e do Cordeiro” (v. 9). O verso 14 nos aponta especialmente aqueles que morrem martirizados, mantendo-se fiéis ao seu testemunho por Cristo. Eles estão vestidos de branco, vestes recebidas na espera do juízo do Senhor contra seus algozes (cf. 6:9-11). Passaram, no passado recente, por “grande tribulação”. Usando a linguagem sacerdotal hebraica, eles estão plenamente purificados: “lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro”. Seu martírio é prova de sua confiança em Cristo. Unidos a Jesus em sua fé, pela sua morte encontram ressurreição.
Em tempo de perseguição, é uma mensagem de confiança e encorajamento, que já apareceu na carta antes: “Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida” (2:10). O texto nos diz que eles desfrutam totalmente da paz e da benção: “estão diante do trono de Deus e o servem dia e noite em seu santuário”. Eles estão plenamente com Deus, seguros e satisfeitos na corte celestial, debaixo do governo amoroso daquele que morreu para resgatá-los. Jesus, “aquele que está assentado no trono”, novamente habita com eles: “estenderá sobre eles o seu tabernáculo” (cf. João 1:14).
Na rica linguagem simbólica e cíclica das Revelações dada a João, este é o clímax do primeiro ciclo (4:1-8:5), uma primeira visão da consumação, o fim da História. Habitamos com Deus. Isso traz o fim total do sofrimento: Jesus lhes sacia a fome, a sede, os livra do sol ardente, lhes dá a água da vida e lhes enxuga as lágrimas (v.16- 17 – a mesma linguagem de 21.4ss, no fim do livro). A fidelidade na tribulação e no martírio é a expressão da fé salvadora.
Quem confia na ressurreição não teme o enfrentamento da morte: o grão morre para germinar. Esta é uma imagem de consolo, um chamado a confiança e coragem, principalmente para as igrejas da Ásia Menor, onde alguns cristãos já haviam morrido e outros estavam para seguir o mesmo caminho em virtude da fé em Cristo. Para nós, as perguntas: estamos preparados para este tipo de testemunho? Enfrentaríamos o martírio, unidos a Cristo em sua morte? Como mantemos o testemunho amoroso e santo de Cristo, mesmo nas pequenas dificuldades e hostilidades que enfrentamos hoje? Que o apocalipse (revelação!) dado a João te encha de consolo, confiança e coragem.
Que a imagem da vida na presença plena e no governo amoroso daquele que morreu por nós nos contagie. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida”!
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